REFORMA DO ENSINO MÉDIO: e agora???







Olá,
Queria falar um pouco da minha opinião sobre “A Reforma do Ensino Médio”. O que acho legal ou não nessa proposta do Governo.

Não vou abordar todos os pontos desta Reforma e, sim, aqueles que eu julgo mais interessantes para comentar: Itinerários Formativos, Formação técnica profissionalizante e Escola em tempo integral!

Antes, vamos ver, resumidamente, o que o MEC nos apresenta sobre A Reforma do Ensino Médio:

O que é a reforma do ensino médio?

Trata-se de uma mudança na estrutura do sistema atual do ensino médio. Ao propor a flexibilização da grade curricular, o novo modelo permitirá que o estudante escolha a área de conhecimento para aprofundar seus estudos. A nova estrutura terá uma parte que será comum e obrigatória a todas as escolas (Base Nacional Comum Curricular) e outra parte flexível.


Como será o currículo do novo ensino médio?

O currículo do novo ensino médio será norteado pela Base Nacional Comum Curricular, obrigatória e comum a todas as escolas A Base estabelecerá as competências, os objetivos de aprendizagem e os conhecimentos necessários para a formação geral do aluno. O que a reforma traz de inovação é que o cumprimento desta parte comum não poderá́ exceder 1.800 horas do total da carga horária do ensino médio e o restante do tempo será́ composto por itinerários formativos nas áreas de conhecimento ou de atuação profissional: I – linguagens e suas tecnologias; II – matemática e suas tecnologias; III – ciências da natureza e suas tecnologias; IV – ciências humanas e sociais aplicadas; V – formação técnica e profissional. Cada estado e o Distrito Federal organizarão os seus currículos considerando a BNCC e as demandas dos jovens, que terão maiores chances de fazer suas escolhas e construir seu projeto de vida.


Como serão implantadas as escolas em tempo integral?

A reforma do ensino médio prevê ainda uma Política de Fomento de Escolas em Tempo Integral, que deverá ocorrer de forma gradual. Está previsto um investimento do Governo Federal de R$ 1,5 bilhão até 2018, correspondendo a R$ 2.000 por aluno/ano e criando 500 mil novas matrículas de tempo integral. 


Como será a formação técnica e profissional?

A formação técnica e profissional será mais uma alternativa para o aluno. O novo ensino médio permitirá que o jovem opte por uma formação técnica profissional dentro da carga horária do ensino médio regular desde que ele continue cursando português e matemática até o final. E, ao final dos três anos, ele terá um diploma do ensino médio e um certificado do ensino técnico.


Profissionais com notório saber poderão dar aula na parte comum do currículo? Como será a formação de professores?

Não. A medida permite que os sistemas de ensino autorizem profissionais com notório saber para ministrar aulas exclusivamente em disciplinas dos cursos técnicos e profissionalizantes, como já acontece hoje no sistema S e na maioria dos países do mundo. A formação de professores se dará da mesma forma como a legislação atual prevê. O professor com licenciatura poderá fazer complementação pedagógica para dar aula de outra disciplina dentro da sua área de conhecimento.


Como fica educação física, artes, sociologia e filosofia? E língua portuguesa e matemática?

A proposta prevê que serão obrigatórios os estudos e práticas de filosofia, sociologia, educação física e artes no ensino médio. Língua portuguesa e matemática são disciplinas obrigatórias nos três anos de ensino médio independente da área de aprofundamento que o estudante escolher.


E a língua inglesa? Por que foi escolhida como obrigatória?

Anteriormente, a LDB não trazia a língua inglesa como estudo obrigatório. A reforma torna o inglês obrigatório desde o 6º ano do ensino fundamental e no ensino médio. Os sistemas de ensino poderão ofertar outras línguas estrangeiras se assim desejarem, preferencialmente o espanhol.

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO:

Bom, galera, o Ensino Médio realmente precisa de uma reforma porque do jeito como está hoje é muito ultrapassado. O aluno tem que aprender 13 disciplinas, sendo que muitas delas nunca mais farão parte da vida do estudante. Essas disciplinas não interagem entre si.

O que é mais contraditório é que na escola, a realidade é esta de ensino e a estrutura do ENEM, que avalia a aprendizagem do aluno e possibilita que ele, por meio de sua nota, ingresse na Universidade, é completamente diferente. No ENEM, as questões abordadas são estruturadas de modo que as disciplinas interagem entre em si e o raciocínio cobrado se apoia nessa interação.

Como o aluno pode efetivamente fazer uma boa avaliação se não foi preparado para esse tipo de aprendizado?

Nesse sentido, a Reforma do Ensino Médio é extremante necessária!!!!

O governo propõe que em 1 ano e meio os alunos terão um aprendizado comum a todos, cujo currículo será proposto pela Base Nacional Comum Curricular que estabelecerá as competências, os objetivos de aprendizagem e os conhecimentos necessários para a formação geral do aluno.

O QUE PENSO DISSO: não sabemos nada sobre como será esse currículo comum a todos os alunos. Se eles continuarem a selecionar algumas disciplinas que serão ministradas de modo não integrado, não mudará nada! Creio que a proposta ideal seria que pensassem em eixos de conhecimentos humanos, biológicos e exatos e que as disciplinas dentro desses eixos interagissem entre si, por meio da discussão de temas em comum, onde cada disciplina pudesse apresentar seu ponto de vista, sua contribuição sobre o assunto.


ITINERÁRIOS FORMATIVOS:

Quanto aos itinerários formativos que os alunos podem “escolher” nos últimos 1 ano e meio do Ensino Médio:

I – linguagens e suas tecnologias; II – matemática e suas tecnologias; III – ciências da natureza e suas tecnologias; IV – ciências humanas e sociais aplicadas; V – formação técnica e profissional.

O aluno terá que fazer, obrigatoriamente, os itinerários I e II e poderá escolher um outro itinerário: III, IV ou V.

O QUE PENSO DISSO: acho essencial sim o aluno continuar estudando linguagens e matemática, mas o que faz toda a diferença no ensino, a meu ver, é o modo como isso será abordado, entende?

Não adianta, por exemplo, o professor “fazer o aluno engolir goela abaixo” conteúdos que nunca aplicará em sua vida. Acredito que teria que se pensar numa abordagem diferente. Os alunos precisam desenvolver, por exemplo, capacidade de análise e compreensão de um texto, noção de como escrever diferentes gêneros, noção de ortografia, de como se expressar verbalmente e não precisa ficar “decorando” o que é oração subordinada substantiva, o que é conjunção e tal. Esse tipo de ensino que é ultrapassado, percebem? O mesmo digo para conteúdos de matemática que o aluno não aplica em sua vida.

Sobre ele escolher um itinerário: acho bem interessante porque, desde bem jovens, já sabemos em qual área temos maior aptidão para seguir no Ensino Superior e na vida.

Eu, por exemplo, sempre gostei e fui melhor na área de ciências humanas e sociais, tanto que minha formação Universitária é nesse campo (Letras e Pedagogia).

As outras áreas só fui obrigada a aprender (aprender nada rsrs “decorar” e depois “deletar” da minha vida) para passar no Vestibular. Depois disso, na Universidade e na minha vida profissional, só tive e tenho contato com ciências humanas e sociais.

Contudo, é necessário que se mude o modo como algumas Faculdades/Universidades pensam sobre seus vestibulares. A partir dessa mudança, não pode continuar como é hoje em que no processo do vestibular sejam cobradas questões de todas as áreas para qualquer curso que se pretende cursar na Universidade. Não faz sentido continuar desta forma, tendo em vista que o estudante não terá conhecimento específico de todas as áreas.

Repito, para que haja uma verdadeira reforma, dentro desses itinerários, devem ser abordados temas em que haja interação entre as disciplinas e que, de fato, as aulas sejam ministradas de modo que haja efetiva participação do aluno e que seja focado o desenvolvimento do raciocínio crítico-reflexivo dele.

Quanto ao aluno poder “escolher” o itinerário formativo que quer se aprofundar: não é bem assim! A escola pode escolher qual itinerário formativo irá disponibilizar, ou seja, não significa que na escola perto da casa do aluno terá disponibilizado o itinerário que ele quer se aprofundar, por exemplo. 

Aí que complica um pouco! Esse aluno estará disposto a pegar condução para ir numa escola distante? Terá dinheiro para pagar essa condução?


FORMAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL: 

O QUE PENSO DISSO: superinteressante o aluno ter a oportunidade de fazer um curso técnico para já se inserir no mercado de trabalho, caso esta seja sua escolha. 

Contudo, alguns pontos devem ser observados sobre esse assunto....

Pensar na estrutura de um curso técnico não é tão simples assim! Quais cursos o Governo vai disponibilizar? Terá verba para comprar os equipamentos, montar laboratórios, salas estruturadas para que esses cursos sejam ministrados?

Quantos alunos serão distribuídos por turma? Não adianta “socar” 35-40 alunos num curso técnico para um único docente ensinar o ofício.

Curso técnico profissionalizante é algo complexo. Não adianta o MEC disponibilizar cursos “meia boca”. O ideal é que sejam ofertados cursos com reais possibilidades de ingresso no mercado de trabalho e de ascensão profissional e que a estrutura desses cursos seja boa. 

Para isso, tem que se ter verba (real) para que sejam construídas salas, laboratórios, sejam comprados equipamentos, material, sejam contratados docentes, monitores. Senão, vai ser um caos total!!!!

Outro fator que é estranho é que o Governo não diz que os estudantes terão que fazer parte da carga horária em estágio obrigatório. Como vão aprender, na prática, o ofício? Como terão experiência sem estágio? Depois do curso concluído, as empresas vão querer contratar esse estudante sem experiência no currículo?

  

ESCOLAS EM TEMPO INTEGRAL:

A reforma propõe que o Ensino Médio seja em tempo integral e que o Governo irá investir verba para que isso se efetive.

O QUE PENSO DISSO: seria algo top o aluno poder se dedicar ao estudo em tempo integral. MAS, CONTUDO, ENTRETANTO rsrsrsrs tem que se pensar em alguns pontos para que isso se efetive.

Para o ensino ser integral tem que haver mais escolas e mais salas de aulas porque onde vão colocar os alunos que são do período da manhã, período da tarde e período da noite em um mesmo lugar e ao mesmo tempo?????

O Governo tem mesmo toda essa verba para construir mais escolas, mais salas de aula, disponibilizar comida de qualidade, comprar mais equipamentos (carteira, mesa, lousa, armário, etc.) sendo que muitas  escolas e salas que temos hoje estão em estado deplorável?

Sem contar que, muitos alunos hoje em dia precisam ajudar em casa e trabalham meio período ou o dia todo. E aí? Se eles ficarem o dia todo na escola, como vão ajudar em casa?

Aí você pode me questionar: mas Dri... eles ficarão na escola o dia todo para aprender um curso profissionalizante e depois ingressarem no mercado de trabalho e poderem ajudar suas famílias financeiramente.

Ok, concordo. Por mim, o adolescente não deveria trabalhar, deveria sim se dedicar só aos estudos, mas, infelizmente, não vivenciamos uma realidade em que alguns pais têm bons empregos a ponto de conseguir sustentar sozinhos, suas famílias. 

Para que o ensino integral seja algo bom, de fato, tem que se pensar em como concretizar isso estruturalmente e socialmente. 

RELATO DE EXPERIÊNCIA:



Quando eu fiz o Ensino Médio, tinha um projeto com a proposta semelhante à da Reforma. Eu fiz Magistério (um tipo de curso técnico profissionalizante). Era uma escola própria para este curso e era ensino integral. Uma parte do currículo (2 primeiros anos) eram disciplinas comuns do Ensino Médio e outra parte eram só disciplinas específicas do curso técnico (2 últimos anos). Com o diploma, podíamos dar aula para Ensino Infantil e Ensino Fundamental.



Pontos interessantes desse projeto: não pagávamos condução para se locomover até a escola e ganhávamos um salário mínimo para estudar. Tínhamos que fazer estágio obrigatório para treinar, na prática.



Pontos ruins desse projeto: não tínhamos alimentação gratuita. Depois de algum tempo, o MEC determinou que não poderíamos mais dar aulas sem diploma de curso Superior de Pedagogia. Nos Vestibulares para ingressar em Faculdade/Universidade, cobravam-se todas as disciplinas do Ensino Médio comum. No entanto, nós que fizemos o Magistério não tivemos todo o conteúdo do Ensino Médio comum, ou seja, para conseguir entrar em alguma Faculdade/Universidade tínhamos que complementar fazendo cursinhos pré-vestibulares.

Eram esses pontos que eu queria compartilhar com você sobre A Reforma do Ensino Médio.
Acho que se deve fazer algo para mudar a situação atual sim! Mas têm alguns pontos que estão falhos nesta Medida Provisória e precisa ser revistos para que isso dê certo!!!!

Só espero, do fundo do coração, que um dia a Educação possa melhorar e que esta Reforma se inicie desde o Ensino Infantil.

Reformar o topo de um prédio, sem reformar a base não tem muito sentido, mas só de se falar em Reforma, já é algo esperançoso!!!!






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